05/04/2013

So you think you can blog - Estupidez Aleatória


Post original: Random Explanation
Autor: Rafael
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Random Explanation

Nenhuma estupidez pode ser entendida se houver lacunas quanto à integração do estúpido.

O estúpido, na pessoa do Rafael, é alguém assumidamente parvo. O Rafael não sabe ainda o que é ser gente e por isso ganhou o cognome supracitado.

Não pense o Leitor que uma alcunha desta envergadura se alcança de um dia para o outro, nada disso, o Rafael passou, ao longo da sua vida, por várias provações que reforçaram a ideia inicial da criança sem grandes chances de sobreviver num mundo onde a socialização é fundamental. É aliás na socialização que a estupidez do Rafael mais se exalta.

Desde cedo que o Rafael mostrou uma grande falha naquela coisa a que muitos chamam de “fazer amigos”. As culpas não podem ser atribuídas, mas se pudessem, a estupidez inata deste rapaz figuraria no topo das culposas.

Nascido no seio de uma nobre família, de raízes em ícones literários da língua portuguesa, Rafael nunca fez jus à sua herança intelectual, atacando-a com pujança e estupidez.

Descendente de um caixeiro-viajante que se deitava em todas as camas da Península Ibérica e Ilhas Britânicas, Rafael não legou, por ora, a capacidade do seu tetra-avô, um playboy totalmente equipado.

Recebeu, no entanto, genes britânicos que criaram nele uma estranha dileção pela Rainha Isabel II e um certo bem-querer pelo Reino Unido. Detentor de um inglês perfeito e de uma frieza bretã mais gelada que o mapa cor-de-rosa, Rafael reúne em si todas as apetências para se tornar num cidadão daquele Estado.

Portador de uma figura algo aterradora, Rafael nunca teve caminhos claros nas amarguras da socialização. Com falhas graves ao nível de toda e qualquer competência social, Rafael esteve largos anos sem saber o que era o outro. Não sendo, no entanto, o único na sua incestuosa família a carecer destas proficiências, é sem dúvida o caso mais grave e digno de registar.

Nados em berço de primos, todos os membros da família de Rafael possuem uma feição um tanto inibidora de tentativas de confabulação por parte dos outros indivíduos – o que, sem dúvida, fomentou as relações intrafamiliares – no entanto sempre conseguiram, com particular apetência, relacionar-se com o mundo exterior melhor que o jovem Rafael de então e de ora.

As dificuldades revelam-se, principalmente, no momento em que Rafael nasceu, dizem os médicos que o retiraram do ventre materno que o jovem Rafael limitou-se a olhar com ar altaneiro para aqueles que o trouxeram ao mundo, não proferindo um único som. Após um período de isolamento, regressou para perto da parentela que o acolheu com receio – as diferenças entre Rafael e o resto da família serrana eram evidentes.

Integrado com dificuldade no seio de uma família de parentes de Camilo Castelo Branco, Rafael lidou desde cedo, com racismo e antissemitismo. Convertido à força ao catolicismo (religião que abandonou assim que vieram as primeiras poluções noturnas), Rafael cumpria todos os rituais que aquela religião preceitua.

Cresceu no meio dos carris da Linha de Sintra, Rafael sempre conheceu o mundo do crime, especialmente o lado da vítima. Chegando a ser assaltado cerca de 8,3 vezes por dia, facto que, pode ter contribuído para o seu asco a nados africanos.

Já aos oito anos o Rafael mostrava uma completa ignorância pelo bem-estar dos outros, seguindo, devagarinho os passos de um qualquer serial killer. Como exemplo podia citar aquela vez em que o jovem Rafael atirou o primo de um muro abaixo, abrindo-lhe o crânio, mas isso seria uma minimização da atitude altiva que este indivíduo sempre demonstrou para com o outro.

Filho de um pai ausente e alcoólico, o jovem Rafael cresceu num ambiente propício à falha, uma incubadora de estupidez indissociável à personagem de que falo. Apanhou a sua primeira bebedeira aos dez anos, com o primo cuja cabeça havia sido esmagada contra o cimento, indo aproveitar o alcoolismo para as praias da Linha de Cascais numa madrugada do Verão de 2005.

O comportamento errático de Rafael não se limita a cabeças partidas e garrafas de bebidas espirituosas na Praia dos Pescadores, o jovem Rafael sempre gostou de ir mais longe, chegando mesmo a níveis próximos das recomendações de internamento em instituições psiquiátricas.

Manipulador, incongruente e um tanto ou quanto burro, o Rafael nunca foi bem-sucedido nas suas investidas contra a dura vida da socialização. Mesmo apesar da sua inata capacidade de, através das palavras, fazer os outros acreditar que sabe do que fala, mesmo quando nada diz, Rafael teve problemas com jovens mais velhos e de maior porte que o violentavam nos corredores da sua escola suburbana.

Na amaritude de uma infância violenta, Rafael volta-se para o mundo rural como último reduto de manumissão, falhando, no entanto, nas provas básicas do dia-a-dia campesino, especialmente na clara estupefação perante a proveniência do faveco.

Fazendo amizades com gentes da terra, Rafael demonstra sempre complexos de superioridade face aos seus pares, saindo apenas traído pela sua própria estupidez. Chegando a perder as dileções criadas ao longo do tempo.

Não se saindo mais ditoso no campo do amor, Rafael tem desilusões causadas, talvez, pela sua estranha abordagem a este sentimento tão nobre.

Dotado de uma particular ausência de romantismo, Rafael, ao contrário da sua terra natal, não vinga neste mundo amoroso, chegando mesmo a fazer declarações amorosas – obviamente sem sucesso – nos chats de famosas redes sociais.

Com uma escrita singularmente semelhante à de tantos outros, Rafael destaca-se pela ironia ausente e tentativas frustradas de fazer composições textuais coerentes. Deixando insultos aos professores em testes e outros momentos de avaliação formal.

Detestado por uns, odiado por tantos outros, Rafael é sem dúvida um rapaz único, nem tanto em talento, mas em doses de estupidez concentradas.

Com uma estupidez congénita e um sentido de humor quimérico, Rafael tenta dizer em muitas palavras aquilo que não tem para dizer. Numa clara tentativa de imitar os mestres do humor do século XXI, Rafael surripia descaradamente chalaças de Ricardo Araújo Pereira, atuando incessantemente para fazer com que estas sejam um insulto a Nuno Markl, o seu ódio de estimação.

Autointitulando-se o criador do primeiro blogue trilingue exclusivamente em língua portuguesa, o quadro clínico de Rafael alastra-se para lá da realidade, contaminado também o blogue, retrato perfeito da atormentada mente do autor.

Génio literário ou simplesmente um cómico incurável, Rafael ambiciona chegar a uma destas categorias através de qualquer meio, não temendo usar os outros, fazendo-os sofrer, para conseguir o que quer.

A obra de Rafael pode ser, à primeira vista enganadora, cativando o leitor através da sua própria ingenuidade, mas na verdade, Rafael aproveita-se disso e estupra o leitor sem qualquer proteção contra doenças venéreas. 

Esta obra é por isso, uma espécie de orgia humorística, em que nos sentimos assoberbados com uma vontade de a largar e olhar para o autor com repugnância. Mas é exatamente por isso que não conseguimos largar o blogue.

Não há uma história para contar, uma personagem para apoiar. Apenas nós e o Rafael, num clima extremamente íntimo na companhia de um fino retoque de javardice improvisada com recurso a banha de porco.
Dr. Tiago B. Mendonça
Pompoussass’ College da Universidade de Oxford

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Este post surge na sequência do passatempo So you think you can blog. Pretende-se dar espaço a blogues com poucos seguidores de darem a conhecer os seus dotes. Críticas tipo Ídolos são aceites. Críticas construtivas são bem-vindas. Visitas e novos seguidores ao blogue mencionado são super-bem-vindos.

18 comentários:

  1. Achei o post interessante e com piada mas mto longo.

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    1. Então mas... ganho a folha amarela ou não?

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    2. Pois é, ó Anónimo, folha amarela ou não?
      Por mim, é Sim. Mas também concordo que é muito comprido. Gosto da escrita e do humor.

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    3. Concordo, Eduardo. O texto é longo, mas lê-se bem. Parabéns :)

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    4. Mas eu não faço anos... ah ok, é pelo coiso, está certo, está certo, obrigado então.

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  2. O Rafael é um rapaz cheio de imaginação. :)

    **

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    1. É dizem que sim, dizem que sim... No entanto, a minha imaginação acaba naqueles momentos em que mais precisava dela... como agora, por exemplo!

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  3. O Rafael escreve bem, mas acho que se podia conter um pouco nas palavras caras - tenho a sensação que a maior parte das pessoas não conhece todo o vocabulário utilizado (eu, inclusive).
    Exs: dileção; proficiências; altaneiro; poluções; amaritude; manumissão; faveco; ditoso; quimérico; assoberbados.
    Gosto de ver português bem escrito, mas para não correr o risco de não ser entendido por todos, acho que deve tentar ser menos prolixo.

    PS: esta última palavra era a tentar colocar-me ao nível do Rafael. Consegui?? ;)

    pippacoco.blogspot.pt

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    1. Bem... Só para ter a crítica certeira da Pippa Coco já valeu a pena concorrer.
      Pippa, estás contratada como membro permanente do painel de comentadores.

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    2. E tu não comentas, oh Dudu? ;)

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    3. Eu comentei ali em cima, mas em todo o caso revejo-me na tua análise. Só não digo que me tiraste as palavras da boca porque na minha boca não constam aquelas palavras. O meu vocabulário é mais pró lixo do que prolixo.

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    4. Está certo, está certo... Tenho de escrever menos e pior?

      Estou a brincar, percebi o que dizem, para a extensão exagerada estou sempre a ser alertado, quanto às palavras... pois, acho que o mau hábito de ler dicionários tem de parar.

      Muito obrigado aos dois. É folha amarela?

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  4. No geral gostei. Mas lá está, as palavras caras podiam ser substituídas por outras mais acessíveis. Tive que ler o post em 3x. Primeiro porque até tinha coisas que fazer e segundo porque era muito longo. Tirando esses 2 aspectos até muito bem. Gostei do sentido de humor.

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    1. Então, mas assim tiveste o prazer de, em três momentos diferentes, estar em contacto com uma escrita singular - de tão má que é - de um autor ainda mais singular!

      As palavras... Bom, as palavras vêm de uma velha mania minha de ler dicionários... São manias...

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  5. Se for legítimo, deixo aqui a minha opinião.

    É, de facro, um tipo de escrita interessante, com um humor que aprecio, mas, a meu ver, perde por ser demasiado "pensado". É longo demais para a blogosfera e o vocabulário selecionado agradará a alguns, mas não a todos. Mas também depende do tipo de público que se pretende alcançar e que se deseja seja seguidor.

    Gosto muito de ler textos bem escritos e com um misto de ironia e sarcasmo, mas talvez não seja na blogosfera que mais os consigo apreciar. É a minha opinião, vale o que vale.

    Bem, mas pelo menos de uma só assentada, já contas com 14 seguidores, é já muito bom. Parabéns!

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    1. Ele já contava com 13 seguidores. Por isso, para já, só ficou com mais 1. Ainda assim, é um acréscimo de 7.5% ;)

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    2. Eu aponto para a nata da blogosfera. Os intelectuais poderosos que se abrigam debaixo de blogues pouco conhecidos. Os crânios esquecidos por este mundo efémero de facilitismos e acessibilidades.

      Sim, este texto é muito pensado, muito ensaiado e cheio de palavras que nem eu conhecia até à elaboração do mesmo, mas eu sou mesmo assim, gosto de ler dicionários e escrever palavras que ninguém ouviu falar.

      É folha amarela?

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  6. Fica a correção: *facto

    E fica um :) pela visão positiva das coisas.

    (se com 13 foi um dos primeiros, a coisa anda bem orientada para os seguidores aqui do estaminé, bom sinal!)

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