20/03/2013

Educação financeira

Numa aula sobre crédito, uma aluna universitária levantou o braço e pediu ao professor para explicar melhor o que era o "saldo transportado". Ele explicou que se ela usasse o cartão de crédito para pagar uma refeição de 10$ e, nesse mês, pagasse à empresa do cartão de crédito apenas 8$, receberia depois uma conta com os restantes 2$, ou seja, o saldo transportado. E a resposta dela foi "Como assim? Enviam uma conta?".

De facto, ela nem percebia que quando se passava com o cartão de crédito, se estava efetivamente a pagar com dinheiro verdadeiro. Os pais sempre tinham pago as contas todas e nunca lhe ensinaram como funcionavam as transações.

Obviamente que este é um caso extremo mas que revela a falta de educação financeira que muitos de nós temos e que as crianças ainda têm.

O artigo pode ser lido todo aqui e adianta ainda o que se deve ensinar às crianças de 5, 10 e 15 anos.

Aos 5 anos, devemos ensinar o que são os objectivos das poupanças, o que é um banco, um cheque, as contas, e o conceito de compromisso.

Aos 10 anos, as crianças devem saber o que são os juros, empréstimos, horizonte temporal, inflação e impostos.

Aos 15 anos, investimento, alocação de activos, diversificação, ações e obrigações.

Pronto, já fiz um resumo com tradução manhosa do artigo. Vamos ao que me trouxe aqui.

Muitos de nós não sabemos o que deveríamos saber aos 15 anos. Muitos dos que têm 15 anos, não sabem o que deviam saber aos 10. E os dos 10 anos não sabem o que deviam saber aos 5.

Se é verdade que algumas crianças vão tendo alguma consciência financeira por via da mesada, outros vão-na conquistando por via da... falta dela! Tenho um amigo que desde pequeno começou a tratar da maior parte das contas da casa, quer fosse a água, energia, renda, etc. Certamente que esta é uma boa forma de adquirir competências financeiras rapidamente.

Quando era pequeno, nunca tive mesada nem nunca tive a responsabilidade de pagar contas da casa. E neste momento, nem sei o que seria melhor se tivesse um filho. Por um lado, a mesada vai ajudando a criança a gerir o seu dinheiro. Por outro, a criança sabe que a seguir àquele dinheiro, vem outro, e como tal, pode-se dar ao luxo de o gastar sem ter que se preocupar muito com isso.

Também acho que os vícios caros e nada saudáveis como o tabaco surgem, regra geral, naqueles que na fase da adolescência tinham no bolso, pelo menos o suficiente para o comprar. Porque experimentar, experimentam todos. Mas comprar, só compra quem pode. [ Os fumadores que me desmintam se não for bem assim.]

E agora pergunto-vos: Defendem que se deve dar mesada? Ou só se dá quando se portam bem? Ou dá-se mas exige-se talões daquilo em que gasta? Ou dá-se quando eles pedem e justificam a necessidade? Ou...

Como fazem / farão / fariam / fizeram (e outras conjugações possíveis) vocês?

22 comentários:

  1. Eu bem pedi, mas nunca me quiseram pagar mesada. A minha mãe sempre se justificou dizendo que me comprava o que eu precisava, e o que eu não precisava às vezes... Tive de concordar. Não sei bem como aconteceu, mas sempre tive consciência do que é o dinheiro e a importância de o saber gastar. Provavelmente seguiria os passos da minha mãe.

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    1. Aquilo que resultou connosco deverá resultar com os outros ;)

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  2. Aos 4 anos pedi um brinquedo à minha mãe (sim, naquela altura só havia brinquedos quando era Natal e dado que estávamos fora da época natalícia só um milagre poderia fazer a minha mãe comprar-me o brinquedo), a minha mãe recusou justificando-se com a falta de possibilidades para tal e que havia prioridades como meter comida na mesa todos os dias, pelo que eu respondo "oh mãe, passas um cheque". Na minha cabeça um cheque era só um papel, e ela tinha muitos, foi aí que me foi explicado no que consistia um cheque :) Aos 10 anos quando mudei para uma escola com cantina, bar e essas coisas comecei a ter uma mesada, o preço foi estabelecido por mim, somei todas as despesas que ia ter (almoço, alguns lanches e um extra de 10%). A primeira coisa que a minha mãe me disse quando ma deu foi "agora este dinheiro é teu, podes gastá-lo como quiseres, mas aviso-te desde já que se o gastares todo no primeiro dia é um problema teu, ficarás sem comer o resto do mês porque não te dou mais." Aí começou a minha aprendizagem de gestão financeira. Ao fim do mês conseguia ter ainda uns trocos para poupar/juntar para comprar livros ou roupa (roupa também só se comprava no Natal e na Páscoa). Devo dizer que a minha mãe fez um excelente trabalho, nunca fui uma pessoa de gastar no que não devia, e ainda hoje quando faço uma ou outra extravagância, mesmo com a noção que esse pouco dinheiro não me fará grande diferença, penso duas vezes no que estou a fazer :)

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    1. Liberdade com responsabilidade ;) Mas também acho que a educação, só por si, não decide tudo. As minhas irmãs foram educadas da mesma forma e não as considero tão poupadas como eu. As pessoas são diferentes e pronto :)

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  3. Já leste o que o Paulo de Azevedo faz com os filhos? Gostava de ter coragem para fazer o mesmo.

    pippacoco.blogspot.pt

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    1. Vasculhei a internet toda e não encontrei. Mas independentemente da forma como ele faz com os filhos, há "liberdades" que ele tem que eu não tenho ;)

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  4. Não concordo muito com as idades que postaste. Qual é a criança que aos 5 anos está preparada para perceber o que é um banco, cheque ou seja lá o que for relacionado com dinheiro?
    Lembro-me, quando era pequeno, de pedir coisas aos meus pais e a resposta ser que não havia dinheiro. Para mim isso sempre chegou e sempre me regi pela máxima poupança possível. Durante muitos anos fui apelidado de sovina e ainda hoje me dizem que quero ter as coisas e o dinheiro, porque não gosto de gastar.

    Só passei a ter mesada quando entrei na universidade e foi porque pedi, para aprender a gerir o meu dinheiro em condições. Até essa data sempre que queria alguma coisa pedia aos meus pais (e eles ou compravam ou não (dependia se havia dinheiro e se fazia realmente falta)).

    Por estes motivos todos sempre soube fazer uma gestão do capital que tenho disponível bastante bem.
    Só, de há uns tempos para cá, em que o meu ordenado era mais do que suficiente para pagar contas e sobrar no fim do mês é que tenho cometido loucuras* que me estão a custar largar agora que mudei de emprego e recebo menos :(

    * loucuras como viajar 3 vezes por ano para fora do país, ir jantar fora sempre que me apetecia, comprar roupa só porque sim (tudo isto agora não é possível de ser satisfeito mas os "maus" hábitos custam a largar)

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    1. A Kelle disse ali em cima que aos 4 anos ficou a perceber o que era um cheque. Vamos admitir que elas aprendem mais depressa, o que não é, de todo, mentira ;)
      Viajar também é uma coisa que gostava de fazer mais.
      Mas então concordas em dar-se mesada, mas só a partir de certa idade?

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    2. Concordo que se devem educar as crianças no sentido de se dar valor ao dinheiro e no que "custa" ganhá-lo. Dessa forma não será preciso dar-se mesada em sentido de obrigação porque o dia em que vão pedir para ter o próprio dinheiro há-de chegar ;)

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  5. Sou um pouco contra a ideia da mesada, simplesmente porque os miúdos não têm que ser recompensados de nada - têm é de dar valor ao que têm no dia a dia.

    Esperar por uma dia para receber um dinheiro (a que propósito?) só com o pretexto de os ensinar a gerir o dinheiro? Eu nunca tive disso e sou uma pessoa extremamente poupada e consciente, porque a educação foi baseada nesses valores. Nunca ganhei uma mesada; quanto muito, lembro-me de os meus pais me darem 10 ou 20 escudos muito de quando em vez, que eu ia logo por no mealheiro por iniciativa minha.

    Isto para dizer que, quanto a mim, mesada não. É um mau princípio, a meu ver, e é por isso que os miúdos de hoje (salvo raras exceções) não dão mesmo (não vale a pena viver na ilusão) valor ao que têm, é-lhes tudo dado de bandeja, só porque sim. E a mesada faz parte desse jogo.

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    1. Eu estou divido em relação a dar ou não dar mesada. Mas também considero que só o facto de sermos (muito) poupados não faz de nós um exemplo a nível financeiro. Para mim, alguém que sabe poupar, que sabe investir, que percebe o que deve fazer e quando fazer (não é o meu caso) é alguém financeiramente "mais bem educado" do que alguém que é "apenas" poupado.

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    2. Eduardo, eu não considero que alguém que é muito poupado seja, forçosamente, um bom gestor da sua própria vida financeira. Acho, sim, que a noção de poupança (por iniciativa própria e desde cedo - perceber como custa ganhar dinheiro e porque se ganha dinheiro) deve ser adquirida sem ser "dada". Não é por ganharem mesada que as crianças vão ser boas gestoras do seu dinheiro. Felizmente, eu sou poupada e eu senti desde cedo essa necessidade de me educar financeiramente, ler, perguntar e informar-me. Não estou a par de tudo, mas considero-me boa gestora do meu (e do nosso) dinheiro e muita dessa sensibilidade e atenção vem, sem dúvida, do facto de a minha educação se ter baseado nos princípios da poupança e na perceção de que tudo custa a ganhar, que nada na vida nos é dado sem razão. É esse o erro da mesada, para mim.

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  6. Joana, permita-me discordar, eu recebi mesada desde os 10 anos e não sou uma gastadora compulsiva, nem nunca recebi nada de bandeja e sempre dei valor ao pouco que tive...

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    1. Eu não disse que quem recebe mesada é gastador compulsivo, nada disso. Apenas referi - por experiência - que a geração de agora (não a nossa) não tem essa consciência do valor do dinheiro. Isto asseguro-lhe que, salvo raros casos (felizmente também os há), é a realidade atual.

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  7. Olá!
    Um comentário um pouco à parte: tens instagram? Gostava de seguir se a resposta for sim.
    Beijinho

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    1. Só respondo se responderes à minha pergunta do post. :P
      Mas não, não tenho. O meu Android é de uma versão que ainda não tem disso.

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    2. Confesso que ainda não li o post 0:-)
      Ando cheia de trabalho/estudo (ando na universidade)
      Daqui a 1 semana, tenho uns dias de férias e veio todos até o último que li :P

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    3. Vou pôr um lembrete para depois te cobrar esta promessa :P

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    4. Prometido é devido.

      Tive "mesada" desde que entrei no 5o ano. O dinheiro que o meu pai me dava servia para comprar as senhas de almoço, e um ou outro lanche. Para juntar dinheiro e ir ao cinema com os meus amigos quando queria, e não pedir sempre dinheiro aos meus pais, em vez que gastar o que sobrava dos almoços em lanches, levava o dito lanche de casa (fazia o pãozinho no dia anterior) e, assim ficava com esse dinheiro.
      Agora que ando na universidade, recebo mais do que antes, e faço mais ou menos o mesmo truque, para ir almoçar fora num dia especial, ou num dia que a comida da cantina não me agrade, às vezes levo as sobras do jantar, e não gasto dinheiro nesse dia.
      Como o meu pai foi trabalhar para o estrangeiro, faz-me uma transferência todos os meses com uma quantia mais elevada que tem de dar para (tudo): *passe *almoços *cambridge *telemóvel *(dar ao irmão algum para ele sobreviver) *gastos extra da universidade (sebentas...)
      Tenho de ter mais cuidado a gerir tudo e, penso que este gerir "sozinha" me vai dar jeito mais tarde, quando o dinheiro que receber for só o do meu futuro ordenado.

      Acho uma mais valia as crianças-adolescentes terem uma noção do valor do dinheiro logo desde cedo.

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    5. E agora com essa de fazer o pãozinho no dia anterior, senti-me menos poupado. Devia fazê-lo mais vezes. Até mesmo o almoço... Se o levasse para o trabalho todos os, conseguia poupar cerca 150€. Mas tenho que acreditar que também estou a beneficiar a economia local :-)
      Gostei do teu comentário e também gostei de saber cumpres as promessas ;)

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  8. Tenho 19 anos e recebo uma mesada há 5 anos. Durante 2 anos nunca a soube gerir (gastava em roupas, cinema, idas diárias ao café - nc tive necessidade de lanchar em pastelarias e fazia-o e fumava c/os amigos (derretia €)) e o pouco q poupava era p/as férias de verão ou algo que não seria capaz de pedir aos pais. Desde que entrei na faculdade, a minha mesada não varia muito mais e tem dado para tirar cópias, material que seja necessário, passeios que faça em tempo livre, poupar para as férias e no natal p/um mimo, o carnaval pq preciso de uma máscara, agora a páscoa.. emfim há sempre onde gastar. Normalmente este dinheiro das férias acaba por se mexer, infelizmente ainda recentemente tive que fazer um investimento em cremes de cara e jamais iria pedir 100€ aos meus pais (p.exemplo).
    Mas como é claro, já tive que poupar mais em Março.
    Há que aprender a abdicar de certas coisas que aos 15 não me passava pela cabeça: jantares de amigos e de outros bens secundários dos quais não necessito. Na altura até de táxi andava, armada em fina.
    A mesada ajudou-me a dividir as coisas, sei que a primeira semana é altamente inflacionada em ''derreter'' dinheiro, mas sei que tenho que poupar nas seguintes. Para além do dinheiro que tiro p/um mealheiro, gosto sempre de ver um restante na conta.
    E isto é um ciclo, infelizmente arrependo-me de não ter sido mais poupada em miúda e agora que até gostava tenho sempre despesas.
    Felizmente não pago o gasóleo do carro, mas até nisso sei que tenho o limite semanal e é muito raro exceder, só se fizer alguma deslocação maior.
    Onde vejo que realmente sou mais 'poupada' é nas compras semanais para casa. Sou eu que pego na lista e vou sempre ao mesmo local fazer as compras (q dizem ser o mais caro), vejo o que compensa (ou não) e consigo poupar sempre em média 30€ semanais e deixar uns 15€ em cartão - Já fui com os meus pais e trazem tudo sem fazer comparações, que às vezes são úteis para poupar. Foram pequenos hábitos dos quais fizeram reduzir uma conta de alimentação em 250€ mensais e creio que esta base de gestão (se assim se pode dizer) tenha alguma relação com o facto de ter uma mesada.
    Se faria a um filho o que os meus pais me fizeram? Não.
    Não havia qualquer controle em mim, sabem que sempre adorei moda e se me dissessem que estava a comprar mta roupa depois diziam que tinha muito bom gosto (?). Também não havia qualquer controle nas minhas saídas à noite com amigas mais velhas (qd em tinha os meus 15 em diante). Felizmente e no entanto, não era a miuda rebelde que fumava drogas e chegava bêbada a casa e a más horas. A minha mãe ia me levar e buscar e acima de tudo, devo muito respeito aos meus pais. É fundamental entender que, se queria sair e usufruir da mesada que tinha, não podia passar um limite e jamais os desiludir!
    Em contrapartida, desde os 18 que as minhas saídas encurtaram por autoiniciativa, é dinheiro desncessário que gastava em álcool e parece que vivi tanto em tão pouco tempo que os que andaram comigo na escola estão a viver agora. Não me divirto na faculdade como eles mas não sinto falta (e a média de idades na minha faculdade ronda os 30 anos). O meu futuro neste momento depende do que estudo mas atenção, se tiver que me divertir, assim o faço. Limito um valor para gastar nessa noite e de preferência, que me sobre dinheiro para os dias seguintes :))

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    1. Gostei do teu depoimento, de assumires que gastavas muito dinheiro mal gasto, mas gostei mais de saber que já tens mais cuidado e que não farias a um filho teu aquilo que os teus pais fizeram contigo. Não critico os teus pais. Os pais fazem sempre as coisas a pensar no nosso bem, mas não quer dizer que acertem sempre.

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